...Viver é querer ser feliz assim! A cada instante um novo motivo, cada por do sol um novo sorriso, cada amanhecer um brilho sem fim...



sábado, 11 de fevereiro de 2012

Vitória Régia (Cordel)

[Foto extraída do google]



Texto baseado na lenda da Vitória Régia



Esta lenda é muita antiga
É indígena a sua origem
Lá no começo do mundo
Ela seduzia as virgens
Assim contavam os Tupis
Das tribos dos guaranis
Da lua essa vertigem.

Assim contavam os pajés
Que quando a lua gostava
De uma moça donzela
Em estrela transformava
E parecia descer
A serra e se esconder
E com ela namorava.

Naiá, a filha de um chefe
Cresceu ouvindo essa lenda
Contada pelo seu povo
À noite em volta da tenda
Ela com sua beleza
Era da tribo a princesa
E do pajé sua prenda.

Porém a bela Naiá
Quando essa história ouvia
Ardia-lhe o coração
E planos ela fazia
De ir namorar a lua
E de um dia ser sua
Pensativa ela vivia.

E quando chegava a noite
E a tribo silenciava
Caindo em profundo sono
Só Naiá não se deitava
Saía de mata adentro
Num grande deslumbramento
Pela lua procurava.

Pois a princesa queria
Ser transformada em estrela
E no alto das colinas
Ela procurava vê-la
A lua ela perseguia
Mas a lua não lhe via
Pra desgosto da donzela.

Por mais que ela perseguisse
E desejasse a lua
Não conseguia ser vista
E nem ser amada sua
Não tirava da lembrança
Nem perdia a esperança
De encontrar com a lua.

E durante muito tempo
Toda noite ela saía
Numa tristeza profunda
E soluçando caía
Sobre o tempo debruçada
Chorando angustiada
Que de longe se ouvia.

Mas a lua displicente
Parecia não notá-la
Majestosa lá no céu
Não ouvia aquela fala
Da índia que ali vivia
E em amor se consumia
E a pobre moça se cala.

Porém numa noite clara
Naiá a mata adentra
E parando em um lago
A lua a dor lhe acalenta
Mostrando sua face bela
Naiá reconhece nela
O fim de sua tormenta.

E vendo aquela imagem
De beleza refletida
Na clara água do lago
Naiá sentiu-se querida
A pobre moça chorando
Viu a lua lhe chamando
Para lhe dar a guarida.

E sem pensar duas vezes
Naiá no lago entrou
Mas o lago era fundo
E a lua não encontrou
Pois era só um reflexo
E aquele amor complexo
A sua vida levou.

Daquele dia em diante
Só se ouvia falar
Na princesa guarani
A mais bela do lugar
Que no lago se perdeu
E pela lua morreu
A doce e bela Naiá.

E conta a lenda que a lua
Não sabendo o que fazer
Pra recompensar a morte
E acalmar o pajé
Presenteou sua gente
Com uma estrela diferente
Para cumprir seu dever.

Pois o amor de Naiá
Sincero e inocente
Merecia ser lembrado
Por toda aquela gente
E com flores perfumadas
Flores brancas e rosadas
Lembra a estrela cadente.

A planta Vitória Régia
Até hoje é chamada
Estrela das claras águas
E a Naiá dedicada
E a noite enfeitando o lago
É o amor que foi pago
Da moça apaixonada.

E foi assim que nasceu
Essa planta muito bela
De noite tem flores brancas
De manhã ficam mais belas
Cujas flores perfumadas
De brancas ficam rosadas
Como a pele da donzela.

Na região amazônica
Encontramos essa flor
Da planta Vitória Régia
Representando o amor
De uma jovem guarani
Que lá na tribo Tupi
Da lua se enamorou.

                    Fran Sousa

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